Por Pe. James Manjackal M.S.F.S. – Munique, 06 de Abril de 2010
Nestes dias, as notícias emotivas e sensacionalistas nos meios de comunicação do mundo afora são o escândalo na Igreja Católica no que diz respeito aos abusos de menores por parte do clero. O ataque dos meios de comunicação e dos jornalistas visam retratar o Papa Bento XVI e a Igreja Católica que ele lidera como o «epicentro do abuso sexual das crianças». Neste pequeno artigo, quero explicar aos leitores o que está a acontecer hoje no mundo, a forma como o Papa e a Igreja estão a ser culpados e ridicularizados e o que estão a fazer no mundo actual. Aqueles que ignoram o que está a acontecer hoje no mundo – sobretudo desde a revolução sexual trazida à nossa sociedade humana nos últimos anos do segundo Milénio – poderão pensar que o Papa, a cabeça da Igreja Católica e os bispos celibatários e os sacerdotes mais próximos dele são culpados de todos os escândalos sexuais no mundo, sobretudo da pedofilia.
«O abuso sexual e físico de crianças e de jovens é uma praga global; as suas manifestações passam por toda a série de carícias por parte de professores até à violação por parte de tios!» (George Weigel, First Things Magazine, 29 de Março de 2010). A revolução sexual que se infiltrou em todas as áreas da sociedade humana perverteu e degradou a dignidade humana, destruindo todas as formas de valores morais e éticos de vida. Tudo o que as pessoas consideravam até há pouco tempo ser moralmente bom já não é bom! Até há pouco tempo, era moralmente bom que um jovem rapaz ou uma jovem rapariga fossem castos ou virgens, agora isso é considerado uma anormalidade e doentio. Até há pouco tempo, era um dever moral que os casais permanecessem fiéis um ao outro no seu laço matrimonial, agora isso é considerado como uma violação da liberdade de cada um. Até há pouco tempo, o aborto era considerado assassínio de crianças, agora está aprovado e legalizado por toda a parte, como sendo normal. Até há pouco tempo, a homossexualidade e o lesbianismo eram considerados perversões, mas hoje são pessoas normais na nossa sociedade! Até há muito pouco tempo, às pessoas idosas e doentes era-lhes dado respeito, simpatia, amor e cuidados, mas agora a sociedade quer ver-se livre delas através da eutanásia. Era normal que as crianças nascessem depois do casamento, mas agora a maioria das crianças, sobretudo nos países ocidentais, nascem fora dos laços matrimoniais! O número de homens e mulheres a viverem juntos numa relação sexual sem qualquer forma de casamento, nem civil nem eclesiástico, está a aumentar, e também o número de uniões lésbicas e homossexuais. Masturbação, sexo pré-matrimonial, fornicação, adultério, sexo livre, concubinato, prostituição, divórcio, aborto, homossexualidade, eutanásia, pornografia, sexo e lojas eróticas, hotéis e bordéis para abuso de menores, etc. tornaram-se normais e aceitáveis na sociedade actual, «moderna e permissiva».
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, são registados oficialmente quarenta e dois milhões de abortos por ano! Os abortos são sobretudo o resultado de vidas desregradas e imorais. A taxa de divórcio em países ocidentais é quase de 70%. Nos últimos 5 anos, mais de metade das crianças nascidas nos países ocidentais são de mães solteiras. A indústria pornográfica ganha 2.500 euros por segundo na Europa. A cada segundo, 28.000 utilizadores regulares visitam websites pornográficos. Por ano, a indústria pornográfica ganha mais de 75 biliões de euros. O abuso sexual de crianças, «pedofilia» é a consequência «normal» de uma sociedade moralmente doente e permissiva como aquela em que vivemos actualmente, onde ao próprio «sexo» - como um mero instrumento de luxúria e prazer – é dada alta prioridade pelas instituições governamentais e privadas. De acordo com o primeiro estudo geral das Nações Unidas (NU) sobre a violência contra as crianças (2006), por ano, 150 milhões de raparigas e75 milhões de rapazes com menos de 18 anos estão a ser forçados a ter relações sexuais e sujeitos a abuso sexual e a maior parte deles é forçado pelos seus pais, familiares e educadores. Aproximadamente, 10-15% de todas as crianças europeias são vítimas de abuso de menores. 1,8 milhões de crianças são forçadas à prostituição e à pornografia e 1,2 milhões de crianças são vendidas como escravas para trabalho infantil, incluindo vítimas de turismo sexual, que é particularmente popular na Europa. A taxa de pedofilia por homossexuais é superior à de quaisquer outras pessoas na sociedade.
A Igreja Católica é a única instituição, o Santo Padre, o Papa, como sua cabeça, e os Bispos e sacerdotes como seus mensageiros, que luta constantemente com unhas e dentes, sem quaisquer concessões, contra as ignomínias morais, contra a depravação e degradação da sociedade humana. É certo que o demónio da imoralidade que perverte a sociedade humana tenta derramar porcaria sobre o Papa e a Igreja, que é na realidade a voz do Mestre. O espírito do anti-cristo, que é o espírito que destrói as obras de Cristo no mundo, está a trabalhar. O presente Papa, Bento XVI, muitas vezes, juntamente com os seus predecessores, tem avisado sobre os perigos do espírito do modernismo, secularismo e relativismo. Uma visão anti-cristã do mundo está a crescer de dia para dia! Esta visão acredita que a vida humana não é sagrada, por conseguinte, não há qualquer necessidade de defender a vida no ventre materno; o casamento não é simples e intrinsecamente entre homem e mulher, portanto, a união entre pessoas do mesmo sexo deve ser aceite como normal; o sexo e a sexualidade são necessidades de todos os homens e deve haver liberdade para usá-los como bem se entender; a religião não deve ditar regras nem regulamentos às consciências dos homens e das mulheres, etc. Para atingir estes e outros objectivos, a voz forte de Jesus que é proferida pela Igreja através do Papa e do clero tem que ser calada! Toda a gente sabe que a Europa está a remover todas as raízes e cultura cristãs! Por conseguinte, o actual ataque à Igreja e ao Papa é a astutamente planeada e frenética campanha de Satanás para manchar o nome do Papa e da Igreja no mundo actualmente. Até há chamadas telefónicas para o Vaticano da Áustria, Alemanha, Inglaterra e Irlanda a pedirem que o Papa renuncie. Alguém até se atreveu a telefonar a pedir a sua detenção! Não deixemos que Satanás e todos os que estão poluídos pelas suas tácticas pensem que podem intimidar e silenciar o Papa e a Igreja. Até aos fins dos tempos, o Papa e a Igreja lutarão contra o espírito do anticristo e contra o espírito da imoralidade e a vitória final será da Igreja.
Sendo autêntica à voz do seu mestre, a Igreja, através dos seus Papas, Bispos e sacerdotes, defende, propaga e promove a santidade de vida, sobretudo no que diz respeito à pureza sexual, baseando os ensinamentos em sonoros valores morais e éticos provenientes de leis naturais e divinas. Sempre e por toda a parte, a Igreja fala com ousadia e em alto e bom som: «a vontade de Deus para humanidade é a santidade de vida, por isso, todos devem afastar-se de todas as formas de imoralidade» (1Ts 4,3). O espírito que a Igreja sopra sobre aqueles que acreditam em Cristo Jesus é um espírito de santidade e pureza e, por isso, os cristãos são chamados de forma mais específica à santidade de vida (1Ts 4,7-8). Neste contexto, é bastante compreensível a razão pela qual o espírito da impureza e da falta de santidade esteja, como um leão a rugir, a empreender uma guerra contra a Igreja e o Vigário de Cristo. É tempo para a Igreja discernir e conhecer os espíritos da impureza e do anticristo que contaminam a humanidade e para estar preparada para lutar contra eles com coragem e ousadia.
É verdade que o espírito da impureza infiltrou nas vidas de alguns clérigos na Igreja Católica e agora eles são presas dos jornalistas e dos meios de comunicação. Os recentes Papas estavam bem cientes disso e, sem esconder nada, deram o seu melhor para os corrigir até ao ponto de os repreender e castigar. O actual Papa Bento XVI está sempre à frente para proclamar a necessidade de uma cultura livre de abusos sexuais. Mesmo antes de ascender ao Papado, estava determinado a limpar da Igreja a «imundície» (discurso de Ratzinger em Subiaco a 1 de Abril de 2005). O Papa Bento XVI tem procurado limpar a Igreja, de forma mais enérgica e eficiente, de várias tendências e práticas corruptas que se infiltraram na Igreja. Nos últimos 50 anos, padres foram acusados de 3000 casos de abuso de menores denunciados, embora nem todos tenham sido considerados culpados e condenados. De acordo com Carles J. Sicluna – alguém que é como o advogado geral do Vaticano, responsável por crimes – diz que destes 3.000 casos, 60% são hebefilia, 30% são relações heterossexuais e apenas10% são realmente casos pedófilos; significa que apenas 300 casos do total de 500.000 padres no mundo o que perfaz apenas 0,06%. De acordo com o Prof. Philippe Jenkins (Paedophilia and priests, anatomy of a contemporary crisis – Oxford University Press), o problema da pedofilia no clero católico é inferior a outras denominações do cristianismo e a outras religiões no mundo. Por exemplo, de acordo com um relatório publicado por Luigi Accatoli, dos 210.000 casos registados de abusos sexuais na Alemanha desde 1995, apenas 94 correspondem a pessoas ou instituições da Igreja Católica. Na Áustria, de 510 casos apenas 17 se referem ao clero católico. Através do exagero e de mentiras, foi criado um «pânico moral» artificial, sobretudo no ocidente, relativamente à pedofilia no clero católico. Os políticos e a impressa estão a tentar levar a Igreja de volta para a Europa medieval, para os tempos da revolução francesa, para a remover e destruir. De acordo com Jenkins – o poder da questão da propaganda contínua da pedofilia é um dos meios de propaganda e perseguição utilizada por políticos na sua tentativa de destruir o poder da Igreja Católica alemã, sobretudo nos campos da educação e dos serviços sociais.
A maior parte dos casos de pedofilia do clero é dos anos 60! Foi na altura em que algumas Universidades Católicas nos EUA e na Europa desenvolveram ensinamentos equívocos sobre a sexualidade humana e a teologia moral. Talvez alguns dos seminaristas dessa altura tivessem ficado impressionados por isto e tivessem agido de forma indigna. O Papa João Paulo II confrontou vigorosamente este tipo de corrupção, cancelando a licença de alguns professores nos Seminários e nas universidades. Devemos saber que os actuais padres e ministros da Igreja são recrutados de algumas das famílias destroçadas, por vezes, de famílias que têm passados imorais. Não é necessário que o longo e enfadonho período de formação tenha eliminado por completo das suas personalidades todos os seus defeitos espirituais e morais, embora seja essa a intenção dos superiores que os formaram nas Santas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja, repletos de orações, meditações e vida sacramental. A pedofilia é o defeito psicológico de uma personalidade; é um interesse sexual por crianças com idades inferiores à idade da puberdade. A psicanálise reconhece o abusador de crianças como sendo um homem tipicamente imaturo que quer «dar amor» a um rapaz, que ele não recebeu na infância. Faz uma identificação narcísica com a criança vendo-a como uma versão idealizada de si mesmo e compreende-se a si mesmo como alguém que dá o mesmo amor que ele desejou ter recebido do seu próprio pai. O pedófilo não consegue compreender que está a infligir danos emocionais à pessoa em questão, mas a partir do seu subconsciente, pensa que está a fazer algo de bom. (Problem of paedophilia 5 Nov 1998 in: Narth).
Por conseguinte, não é de admirar que uma pequena minoria do clero católico esteja a ter más tendências em relação à homossexualidade, pedofilia ou outros comportamentos imorais, embora estes devam ser deplorados, renunciados e removidos. O Papa Bento XVI agiu sem qualquer tolerância ou concessão relativamente a todos os que mancharam a honra e dignidade do sacerdócio e a integridade das vítimas de abuso de menores. Ele agiu rapidamente quando a questão da pedofilia irrompeu em algumas dioceses dos EUA e da Irlanda. Numa das suas cartas à Igreja na Irlanda, o Papa chamou «traidores» aos culpados de abuso de menores e anunciou inspecções rigorosas nas dioceses, seminários e organizações religiosas. Quando ele era o Perfeito da Congregação para a doutrina da Fé, incluiu estes abusos na lista de pecados graves e exortou os Bispos para que referissem estes casos ao Vaticano.
Aqui devemos conhecer o significado da Igreja. A Igreja é humana e divina. A Igreja foi fundada por Jesus Cristo, o santo e unigénito Filho de Deus, sobre a fundação dos apóstolos que caminharam com Ele. Através da recepção dos vários sacramentos, o Espírito Santo mantém os membros da Igreja como concidadãos dos santos (Ef 2,19-22). Mas, ao mesmo tempo, os membros da Igreja estão a viver na terra, são de carne e osso, com todas as suas fragilidades e fraquezas humanas; e estão a tentar ser santos com a graça recebida pelos sacramentos e pelas orações litúrgicas. Os membros da Igreja estão destinados a serem santos, mas estão agora a lutar na terra contra Satanás, a carne e o mundo, e tornando-se santos. Por isso, a Igreja na terra não é a comunhão dos santos mas é a comunhão daqueles chamados a serem santos e que se estão a tornar santos. Devemos saber que os padres e ministros da Igreja também fazem parte e são parcela desta Igreja – a casa de Deus.
E os 99,94% dos padres católicos que não são acusados de qualquer escândalo sexual? Permanecem testemunhas da santidade da Igreja Católica através da sua prática do celibato e os jornalistas ou os meios de comunicação mundiais não têm nada a dizer acerca deles. A santidade dos padres católicos centrada na prática do celibato é o eixo e epicentro para que toda a humanidade receba poder e graça de viver uma vida moralmente boa e é o poder da Igreja Católica. Há uma história que uma vez uma pequena estátua caiu da cúpula de uma grande catedral e os jornalistas tiraram fotos e fizeram reportagem sobre isso e fizeram notícias sensacionalistas em todos os jornais, revistas, TV, etc. Quando se leu sobre este assunto, com profundo desgosto, ficou-se sem saber que 999 boas e grandes estátuas ainda estavam de pé nessa mesma cúpula! Os padres católicos que vivem uma vida santa pela prática do celibato conhecem o poder do mesmo e irradiam-no naqueles com quem trabalham, trazendo-os à santidade de vida. Sou um padre católico há 37 anos, e preguei o evangelho em 97 países em todos os 5 continentes e tenho um retiro ou uma convenção de 4 a 5 dias todas as semanas. Em todas as minhas obras para o Senhor e para a Sua Igreja, sinto e experimento o poder do celibato na minha vida. Todas as minhas energias de sexo e sexualidade estão entregues à acção e unção do Espírito Santo que sublima-as às energias sobrenaturais para viver e trabalhar para Jesus e para o Seu reino. Nos últimos 34 anos do meu ministério de pregação, nunca me deparei com a acusação de alguém ter sido abusado ou molestado por um padre católico; mas por várias vezes chorei por casos de crianças que foram abusadas sexualmente pelos seus pais ou familiares.
É uma pena que
as outras denominações do cristianismo que removeram a verdade
da Igreja, que é a fundação e o pilar da verdade e
separaram-se da Mãe Igreja devido aos seus próprios motivos
egoístas estejam agora a caluniar as faltas da Igreja Católica
com uma atitude muito pouco cristã. Já vimos que há
mais pedófilos e abusadores sexuais nessas igrejas do que na Igreja
Católica. E dizem que tudo isto é por causa do celibato dos
padres na Igreja Católica. Os milhões e milhões de
crianças abusadas no mundo não são abusados por padres
católicos, mas por pessoas casadas e até mesmo pelos seus
próprios pais. Devemos saber que muitos pastores dessas igrejas
divorciaram-se das suas mulheres, legalizaram oficialmente o aborto, o
divórcio e as uniões homossexuais. O que dizer disto? Não
só têm sacerdotes mulheres, como também sacerdotes
e bispos lésbicas. São eles quem estão a tentar tirar
o argueiro dos olhos da Igreja Católica sem se lembrarem das traves
que estão nos seus próprios olhos. Hoje, Cristo deveria perguntar
à consciência daqueles que acusam a Igreja Católica:
«Quem
de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra» (Jo
8,7)
Durante este tempo
de purificação, a Igreja deve estar ciente do que a Bíblia
diz: «Sede sóbrios e vigiai. O vosso adversário,
o diabo, como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem
devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que a vossa comunidade
de irmãos, espalhada pelo mundo, suporta os mesmos padecimentos»
(1Pe 5,8-9). «Porque não é contra os seres humanos
que temos que lutar, mas contra os principados, as autoridades e os dominadores
deste mundo de trevas, e contra os espíritos malignos nos céus»
(Ef
6,12). Mas ela não teme os assaltos do inimigo, porque Jesus
o Senhor e a Cabeça da Igreja está lá para lutar com
ela. A promessa que Jesus fez ao primeiro Papa, Pedro, permanence verdadeira
até mesmo para o Papa actual: «Também Eu te digo:
tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas
do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino
do Céu. Tudo o que ligardes na terra ficará ligado no Céu
e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu»
(Mt 16,18-19). É a Igreja Católica, com o Papa como
sua cabeça, que Jesus fundou e Ele deu-lhe as chaves do reino de
Deus e as portas do Abismo não prevalecerão contra ela. Quando
os soldados crucificaram Jesus pensaram que a Sua história tinha
chegado ao fim, mas foi apenas o início da história.
A humilhação actual para onde a Igreja Católica tem sido arrastada pelas mentiras e calúnias dos jornalistas e dos meios de comunicação mundiais chegarão ao fim em breve, a verdadeira Igreja de Cristo triunfará novamente como a luz do mundo para derramar luz e graça a todos os que vivem na sombra do pecado e das trevas da imortalidade, para que os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, brilhem outra vez em santidade de vida pelos ensinamentos da Bíblia e da Igreja.